Consórcio é Investimento?

 


Por: Vorlei Cruz - Personal Financeiro


Respondo a esta pergunta com frequência durante minhas consultorias financeiras. Dentre vários motivos, um dos principais geradores dessa dúvida é a proliferação de anúncios de vendedores de consórcios que ofertam este produto financeiro como sendo investimento. É preciso cuidado para não se analisar de forma equivocada a afirmação ou a negação sobre considerar consórcio como investimento. Existe uma diferença que deve ser levada em consideração na hora de contratar um consórcio ou buscar outras formas de investimento. Para entendermos melhor essa diferença vejamos, de forma breve e objetiva, uma explicação que ajudará a diferenciar o que é “investimento” em sentido geral e o que é “consórcio” especificamente.


Quando falamos em investimentos, em sentido amplo, costuma-se referir a produtos financeiros tais como: CDBs, Tesouro Direto, Fundos de Investimentos, Fundos Imobiliários, Ações etc. Também pode ser considerado investimento quando se empreende abrindo uma empresa, quando você compra veículo ou imóvel para revender ou até mesmo para alugar, um treinamento que você participa para aperfeiçoar suas habilidades e melhorar profissionalmente, entre outras opções existentes. O que todas essas opções têm que em comum é o retorno que você tem sobre o valor investido. Assim, de forma clara e objetiva, pode ser considerado investimento toda aquela aplicação de dinheiro, tempo, recursos pessoais que visam obter um retorno que agregue ao que foi investido, basicamente, todo investimento visa alguma forma de lucro futuro. Ou seja, o investimento visa uma rentabilidade a ser obtida em percentual dentro de um determinado período. Porém, todo investimento, desde o mais conservador até o mais agressivo, sempre irá implicar riscos de perdas e de que o lucro esperado não seja alcançado ou até mesmo de que o investidor perca parte do dinheiro investido. É para ajudar a gerenciar esse risco que se faz importante consultar profissionais que, de fato, compreendam melhor do mercado financeiro.


O consórcio, por sua vez, é um produto financeiro disponível no mercado para as pessoas que desejam adquirir um imóvel, automóveis, equipamentos, serviços entre outras possibilidade. Em síntese, o consórcio nada mais é que a união de diversas pessoas que se unem, se associa, por meio de um grupo, para aquisição de bens.


Imagine que você deseja pagar um churrasco para sua família. Contudo, você faz os cálculo do quanto custará o churrasco e do quanto você pode economizar mensalmente para pagar as despesas. Ao fazer o cálculo você descobre que levará, por exemplo, 24 meses, aproximadamente dois anos para poder custear as despesas. Contudo, você sabe que há mais 23 amigos que também desejam o mesmo que você e levariam algum tempo para conseguir poupar o dinheiro necessário.


Assim, vocês se unem, se associam e:

1° determinam o valor do churrasco, igual parta todos, por exemplo, R$ 1.000,00 (um mil reais);

2° Determinam o valor mensal que cada um deverá contribuir e o prazo de 24 meses para pagamento total;

3° A cada mês será sorteado, entre os 24 amigos, o valor integral do churrasco (R$1.000,00). O amigo sorteado no 1° mês poderá, assim, fazer o churrasco para sua família já naquele mês, ao invés de ter que esperar os 24 meses ou, se preferir, poderá gastar os R$1.000,00 com outra coisa, mas deverá continuar pagando suas mensalidade, para que no próximo mês, outro amigo seja beneficiado e, assim, sucessivamente.


4° Se algum desses amigos, porventura recebeu algum dinheiro extra e deseja ver antecipada a possibilidade de ser sorteado no mês, poderá ofertar ao grupo um valor maior que a mensalidade prevista, esse será o que no consórcio se chama de “lance”, e, caso ninguém mais tenha feito um lance maior que o seu, ele poderá antecipar o direito a sacar os R$1.000,00 e arcará apenas com o saldo restante;


5° É preciso que alguém de confiança administre tudo isso e, portanto, é justo que ele receba um pequeno valor pelo serviço prestado ao grupo. Essa pessoa não precisa ser um dos membros do grupo de associados, pode ser um terceiro responsável e fará o papel da administradora do consórcio e receberá a chamada “Taxa de Administração”, a ser acrescida sobre o valor da mensalidade. Assim, ao invés de pagar R$1.000,00 ao final de 24 meses, cada membro pagará, digamos, R$1.020,00, para que se tenha o dinheiro já calculado para o churrasco e se possa pagar a taxa de administração sobre o capital recolhido entre os associados.


Assim, pelo exemplo acima, percebe-se que o maior risco é de o associado ter que esperar os mesmos 24 meses para acumular os R$1.000,00 pretendidos e gastar, no exemplo usado, R$20,00 a mais pela Taxa de Administração. Portanto, nesse caso, o consórcio não poderia ser considerado um “investimento” em termos específicos, pois não agrega valor ao capital investido após um período. Por outro lado, há várias vantagens, tais como: caso o associado seja sorteado, “contemplado” antes dos 24 meses, ele terá uma antecipação do dinheiro e poderá usar esse dinheiro para gastar com o churrasco ou fazer outros investimentos se preferir e, assim, acelerar sua rentabilidade.


Além disso, o consórcio também é uma forma segura de o associado poupar de forma metódica e organizada um valor que, sozinho, talvez não tenha disciplina e foco para fazer. O associado poderá, ainda, se tiver um dinheiro extra, “forçar” a aceleração do seu sorteio por meio do lance e, assim, apenas com a taxa de administração, sem juros, ter acesso a um valor que, sozinho, levaria 24 meses para obter ou teria que pagar elevados juros de empréstimo caso buscasse um financiamento. Dentre várias outras possibilidades.


Nesse caso, ao ver o universo de vantagens proporcionadas pelo consórcio é que se pode, em sentido amplo, dizer que sim, o consórcio também pode ser considerado uma forma de investimento. Mais uma vez a importância de, antes de decidir ou não pelo consórcio ou outras formas de aplicar seu dinheiro, você buscar a assessoria de um profissional qualificado que possa te orientar sobre as diversas possibilidades e, assim, você ter maiores e melhores condições para tomar sua decisão.

Assim, é correto afirmar que o consórcio pode ser utilizado como uma ferramenta para investimento. Existem diversas maneiras de se investir por meio de um consórcio. Veja algumas opções:


 Quando você adquire um consórcio de imóvel por exemplo, ao ser contemplado pode adquirir um imóvel para locação e ter como retorno o aluguel do imóvel. Ainda, o valor do aluguel pode pagar a parcela do consórcio, e consequentemente, você faz outro consórcio, assim, quando contemplado repete o processo e num período de 20 anos pode ter quatro a cinco imóveis. Esse processo alavanca seu patrimônio. Você também pode comprar o imóvel a preço abaixo do mercado e revender por um valor maior; pode construir e revender com margem etc. Pode, ao invés de comprar um imóvel à vista, comprar com o consórcio e deixar o valor aplicado no mercado financeiro e com a rentabilidade pagar a parcela do consórcio e em muitos casos, até com sobra. Inclusive, essa prática, é feita por muitos investidores que, ao invés de descapitalizar, acabam levantado capital a custo baixo por meio do consórcio.


Sendo assim, deve-se concluir que a melhor resposta à pergunta: Consórcio é investimento? Deve-se, antes, compreender quais são teus objetivos e se você saberá aproveitar as diferentes oportunidades de buscar lucros que todo investimento ambiciona, também por meio do consórcio. Aqui você viu apenas alguns exemplos do consórcio como ferramenta para investimentos e alavancagem de capital. 


Para saber mais sobre este e outros produtos financeiros, siga meu perfil no Instagram @personalfinanceirovc / @Bulls_and_bears_traders e ou entre em contato diretamente comigo.

Oséias Inácio

Oséias Inácio /Jornalista/ Reg.SC004389JP E-mail: jornalistaoseiasinacio@gmail.com

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